terça-feira, 3 de junho de 2008

70 anos


Alfonsina Storni



Voy a dormir

Dientes de flores, cofia de rocío,
manos de hierbas, tú, nodriza fina,
tenme prestas las sábanas terrosas
y el edredón de musgos escardados.

Voy a dormir, nodriza mía, acuéstame.
Ponme una lámpara a la cabecera;
una constelación; la que te guste;
todas son buenas; bájala un poquito.

Déjame sola: oyes romper los brotes...
te acuna un pie celeste desde arriba y
un pájaro te traza unos compases

para que olvides... Gracias. Ah, un encargo:
si él llama nuevamente por teléfono
le dices que no insista, que he salido...


---
Alfonsina y el mar
(Ariel Ramirez & Felix Luna)

Por la blanda arena
Que lame el mar
Su pequeña huella
No vuelve más
Un sendero solo
De pena y silencio llegó
Hasta el agua profunda
Un sendero solo
De penas mudas llegó
Hasta la espuma.

Sabe Dios qué angustia
Te acompañó
Qué dolores viejos
Calló tu voz
Para recostarte
Arrullada en el canto
De las caracolas marinas
La canción que canta
En el fondo oscuro del mar
La caracola.

Te vas Alfonsina
Con tu soledad
¿Qué poemas nuevos
Fuíste a buscar?
Una voz antigüa
De viento y de sal
Te requiebra el alma
Y la está llevando
Y te vas hacia allá
Como en sueños
Dormida, Alfonsina
Vestida de mar.

Cinco sirenitas
Te llevarán
Por caminos de algas
Y de coral
Y fosforescentes
Caballos marinos harán
Una ronda a tu lado
Y los habitantes
Del agua van a jugar
Pronto a tu lado.

Bájame la lámpara
Un poco más
Déjame que duerma
Nodriza, en paz
Y si llama él
No le digas que estoy
Dile que Alfonsina no vuelve
Y si llama él
No le digas nunca que estoy
Di que me he ido.

Te vas Alfonsina
Con tu soledad
¿Qué poemas nuevos
Fueste a buscar?
Una voz antigüa
De viento y de sal
Te requiebra el alma
Y la está llevando
Y te vas hacia allá
Como en sueños
Dormida, Alfonsina
Vestida de mar.


tradução:

Pela branda areia que toca o mar
sua pequena pegada não volta mais.
E um único caminho
de pena e silêncio a levou
até a água profunda.
E um único caminho
de penas mudas a levou
até a espuma.

Sabe Deus que angústia
te acompanhou!
Que velhas dores
calaram tua voz,
Para recostar-se
adormecendo ao canto
dos caracóis marinhos.
A canção que cantam
no fundo obscuro do mar
Os caracóis.

Vais embora, Alfonsina,
com a sua solidão.
Que poemas novos
fostes buscar?
Uma voz antiga
De vento e de sal,
balança tua alma,
e a está levando.
E vais,
Assim como nos sonhos.
Adormecida, Alfonsina,
Vestida de mar.

Cinco sereiazinhas te levarão
por caminhos de algas e de coral
e fosforescentes cavalos marinhos farão
uma ronda a teu lado
e os habitantes da água vão a brincar
bem ao teu lado.

Diminua a luz
um pouco mais.
Deixe-me dormir,ama*, em paz.
E se me chamarem,
não diga que eu estou
Diga que Alfonsina não voltará.
E se me chamarem,
não diga nunca que eu estou
Diga que eu já fui embora.

Vais embora, Alfonsina,
com a sua solidão.
Que poemas novos
fostes buscar?
Uma voz antiga
De vento e de sal,
balança tua alma,
e a está levando.
E vais,
Assim como nos sonhos.
Adormecida, Alfonsina,
Vestida de mar.

*Nodriza - Seria o mesmo que ama de leite, termo também usado para aviões tanque. Não consegui encontrar interpretação melhor para o poema. Segundo meu amigo Daniel, nodriza teria também o sentido de "aquela que ajuda o parto". Concluí, ao ler o poema "Voy a dormir", que ela pede à nodriza - aquela que fez seu parto (nascimento) que a deixe dormir (morrer). É o ciclo que se fecha.

Sei que os 70 anos são só em 25 de outubro, mas decidi postar hoje mesmo pra não esquecer. Não entendeu? Clique aqui.
até a próxima...

Nenhum comentário:

Postar um comentário